RELIGIÃO x EVANGELHO
Religião demais e valores de
menos.
Começando pelo resumo, é
lamentável o conjunto de distorções produzidas pela religião e suas
instituições em detrimento do evangelho genuíno, integral e inclusivo de Jesus.
O Brasil tem uma população em
grande número dos ditos evangélicos, porém não se percebe qualquer mudança ou
transformação desta sociedade quanto a questão dos valores que impactam
diretamente na qualidade de vida das pessoas no que se refere, por exemplo aos
nossos terríveis indicadores sociais, a violência desenfreada que permeia todo
nosso país, ao nível estratosférico de corrupção que carcome a vida pública da
nossa nação, etc.
Qual a explicação para este
fenômeno de forte crescimento da população evangélica na contra mão do
crescimento exponencial dos nossos graves problemas sociais? Que sal é esse que
não salga? Que luz é essa que não clareia?
Penso que esta anomalia
existe exatamente porque a religião tem prevalecido sobre a pureza do
evangelho. Uma religião repleta de sacerdotes, que em muitos momentos parecem
concorrer com Deus, como verdadeiros semideuses, exercendo a pulpitolatria,
agregando valor a objetos e os transformando em mercadoria a ser negociada,
embalada de fetiche, de magia e por consequência se transformando num produto
atraente, vendido pelas indústrias da religião, numa lamentável exploração do
negócio religioso que explora a boa fé dos seus fiéis, tratados como “clientes”.
É verdadeiramente uma disputa
de mercado aquecida e profissional, que tem destorcido profundamente as boas
novas genuínas do evangelho integral do lindo, doce, amoroso, gracioso e
misericordioso Jesus Cristo de Nazaré.
A religião foi transformada
num mercado, a fé foi mercantilizada e as empresas da religião faturam fortunas
à custa da boa fé e da ingenuidade das pessoas que infelizmente pagam o preço,
por acreditarem que ao pagá-lo todos os seus problemas estarão resolvidos, numa
prática deplorável destes líderes que pregam o encurralamento de Deus no canto
das paredes da troca.
A indústria do negócio
religioso tem produzido uma comunidade de pessoas acomodadas ao discernimento
de perceber que não é saudável confiar tão cegamente em homens que lideram
estes interesses nefastos. Conforta-nos um pouco a certeza de que o nosso Deus
revelado em Jesus olha o coração e muitos, desonestamente guiados pelos caminhos
do negócio, buscam ao Senhor por fé, independente do modelo e da forma e mesmo
conduzidos por caminhos tortuosos, são alvos do amor, da graça e das
misericórdias de Cristo e assim recebem suas bênçãos apesar de tudo isso.
É inquestionável a
importância da igreja local na caminhada, pois ela promove convivência, ensino,
participação, inclusão, vida em comunidade, serviço, voluntariado, assistência
social, etc., porém o modelo empregado nas grandes indústrias do negócio
religioso, especialmente gestado pelos líderes do mundo neopentecostal, produz
uma grande comunidade de desigrejados, pessoas frustradas com a religião,
muitas delas também afastadas de Deus, por vezes por tê-lo buscado em empresas
que exploram este grande mercado.
Este crescimento é estéril e
inócuo. 42 milhões de evangélicos, cuja grande maioria está mais preocupada com
templos do que com pessoas. 10% do nosso congresso é formado de políticos que
se dizem evangélicos e são os que mais faltam, muitos com processos na justiça
e o atual presidente da Câmara dos Deputados simboliza este fenômeno lamentável.
Tudo seria muito bom não fora
as anomalias provocadas pelos excessos produzidos pela religião que robotiza as
pessoas, mercantiliza a palavra e explora a boa fé a partir de homens egocêntricos,
cheios de vaidade e sede pelo poder.
Não se trata de uma crítica
direta as doutrinas ou até mesmo ao legalismo, mas a ação consciente e ao mesmo
tempo mal intencionada dos profissionais da religião.
Então, Jesus aproximou-se deles e disse: "Foi-me dada toda
a autoridade no céu e na terra.
Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos".
Mateus 28:18-20
Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos".
Mateus 28:18-20
O ide de Jesus significa a
nossa vida exposta, imitando e refletindo Jesus neste mundo complicado, numa
espécie de invasão às trevas, levando sal e luz, produzindo relacionamentos,
fazendo amigos, promovendo uma grande integração que torna as pessoas como
parte de nós, membros da nossa família, socializando nossos bens e se não os
temos, socializando as dores e os sofrimentos do outro, construindo assim
condições para o ensino de vida, à luz da vida dAquele que é o autor da vida.
Os estudos de Mircea Eliade
acerca do fenômeno religioso, de Durkheim sobre as formas elementares da vida
religiosa e de Bourdieu que expõe este mercado dos bens simbólicos da religião,
refletem muito de tudo que vivemos neste mundo religioso distorcido e distante
do Evangelho.
Para minha frustração, revelo
a tristeza pela impotência de apontar caminhos, uma vez tratar-se de um mercado
fortemente alicerçado em convicções equivocadas e assim prefiro o desejo de ser
igreja fora das paredes do templo, preocupado muitíssimo mais com relevância do
que com crescimento quantitativo destas organizações, convicto de que as
pessoas são e sempre serão mais importantes do que as coisas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário