segunda-feira, 17 de outubro de 2016

FELICIDADE À LUZ DO EVANGELHO GENUÍNO – Mateus 5, 1-16
(Bem aventurados, muito felizes e abençoados os espiritualmente felizes).

No mundo em que vivemos o conceito de felicidade está diretamente associado a poder, riqueza, posses, fama, status social, numa imperiosa “tirania do ter”, que se agiganta frente à “beleza do ser”. Não precisamos embarcar nesta “tirania da felicidade”, que nos proporciona apenas momentos alegres, uma felicidade efêmera, circunstancial e que nos torna dependentes essencialmente do “ter”, nos escravizando nas cadeias da vaidade, das coisas superficiais, que insuflam o ego e apenas isso.
Temos como objetivos a busca da realização material e pessoal, muitas vezes orientada por coisas boas, desejáveis e justas como casar, ter filhos perfeitos, obedientes e estudiosos, ter uma estrutura familiar organizada, concluir uma faculdade, conquistar um lugar destacado no mercado de trabalho, etc.
Jesus quando fala de felicidade não propõe que se excluam estas coisas e nem tampouco o riso, a alegria, a celebração, os sonhos concretizados e nem os grandes e bons momentos da vida.
Porém Jesus acrescenta e deixa muito claro que Nele a felicidade cabe em qualquer circunstância ou contingência. Podemos ser felizes tendo ou não tendo, pois Jesus como protagonista da palavra, da história, da humanidade e da vida nos chama a uma consciência para entendermos na plenitude o verdadeiro conceito de felicidade e nos ensina a sermos felizes acima e apesar das circunstâncias da vida.
O evangelho não prioriza uma definição de felicidade, mas sim de forma enfática apresenta um tipo de gente que é feliz, a partir do entendimento de que não há felicidade fora do encantador, lindo e doce Jesus Cristo de Nazaré.
O Sermão do Monte exposto no evangelho de Mateus nos capítulos 5 a 7, provavelmente é a peça literária mais importante das escrituras, pois é um ensino relevante para a vida, visto que além de importantes princípios ético-morais, pode-se notar grandes revelações, pois aquilo que muitas vezes é tido por ruim, por desagradável, diante de Deus é o que realmente vai levar muitos à verdadeira felicidade. Esta passagem forma um paradoxo, contrariando a ideia de muitos e mais uma vez mostrando que "…'Deus não vê como o homem vê, o homem vê a aparência, mas Deus sonda o coração" (I Samuel 16.7).
Felizes os pobres em espírito, aqueles que não reconhecendo qualquer coisa em si mesmos, tem a consciência plena de que nada possuem e que dependem exclusiva e totalmente de Deus. São felizes porque conhecem uma nova sociedade, o Reino de Deus, este espaço não geográfico onde as hierarquias e a lógica são invertidas; o menor é o maior, o último é o primeiro, os pobres tem relevante importância, são incluídos e passam a ter vez e prioridade no ministério do Jesus de Nazaré.
Eles são felizes porque possuem “húmus” no espírito, são gente, seres humanos que valorizam a essência da vida e não a conta bancária ou uma elevada posição social.
Os humildes de espírito são aqueles que abraçam a todos, sem preconceito ou discriminação, sem nenhum senso de superioridade. Aqueles que compreendem plenamente que “ter” não é tudo e que “ser” é o bastante. Abrem mão de ter para ser e ser é estar na dependência de Deus, pois quem ESTÁ em Cristo, nova criatura É.
Jesus é a expressão máxima da humildade de espírito e nosso projeto deve ser o de viver como o Jesus de Nazaré.
Em Jesus somos felizes apesar do choro ou até mais felizes quando choramos e quando preservamos a capacidade de chorar. Felizes os que não perderam a capacidade de se emocionarem com a vida, felizes os sensíveis que se comovem com as necessidades do outro, que não se conformam com as injustiças, que lamentam profundamente as misérias que afetam o nosso próximo.
Felizes os que choram porque declaram que precisam de consolo, porque reconhecem o choro como virtude e entendem que as lágrimas e a angústia significam sensibilidade para a vida.
Jesus é a expressão máxima da sensibilidade plena que nos abraça com seu amor incondicional, graciosamente e cheio de misericórdia por cada um de nós.
Muito felizes são os mansos, aqueles sempre dispostos a pagar o mal com o bem, os que honram aos outros mais que a si próprios, que abençoam aqueles que os perseguem, que não retribuem a ninguém mal por mal, que nunca procuram vingar-se e sempre vencem o mal com o bem (Romanos 12).
Felizes aqueles que tendo o poder de gritar, decidem falar de forma amena e leve, aqueles que tendo o poder do soco, decidem oferecer a face. Os mansos são felizes porque não possuem a expectativa da violência, não são ameaça para ninguém e transitam livres em toda hora e lugar.
Para os mansos o “pão é nosso” porque o “Pai é nosso”. Os mansos herdam a terra para reparti-la.
Jesus é a expressão máxima de mansidão e herda a terra para que nós também possamos herdá-la e possamos viver o Reino do Cristo em plenitude.
Felizes os que sonham com a justiça sem perder a misericórdia e que compreendem que a justiça não é meramente para si, mas para com o outro, pois se importam com o próximo.
Os sedentos e famintos por justiça são muito felizes porque sabem claramente que só há espaço para a justiça aonde o coração humano encontra lugar para a paz.
Jesus é o único justo e a expressão máxima de justiça.
Felizes, muito felizes os que se solidarizam com a miséria e a dor do outro, que tem compaixão pelos que sofrem, que colocam os seus corações na miséria do outro, felizes aqueles que alimentam o amor sacrificial cheio de compaixão pelos necessitados, que socializam o que o tem e quando não tem, socializam o sofrimento do próximo.
Jesus é a expressão máxima da misericórdia, pois nos livra, nos anistia, nos perdoa do castigo que merecemos e nos contempla com as suas infinitas misericórdias que se renovam continuamente ao nascer de um novo dia.
Muito felizes, bem aventurados, abençoados aqueles que não possuem na mente a visão da maldade e que sempre enxergam o melhor do outro, felizes os que tem o coração de uma criança, puros na essência, simples como os pássaros, mas cheios de discernimento. Felizes aqueles que enxergam a vida com os olhos da alma e do coração, cheios de pureza e que oram por um coração semelhante ao de Jesus, que é a expressão máxima de pureza de coração e santidade plena.
Felizes todos aqueles que visitados pelo Príncipe da paz, agregam paz e harmonia aos ambientes com a sua presença, que entram numa zona de guerra e acalmam, harmonizam e constroem ações promotoras da paz, felizes os que são elo para unir ao invés de separar, os conciliadores, os pacificadores.
Jesus é a expressão máxima de pacificação, cuja presença agrega tranquilidade, serenidade e águas calmas.
Jesus está no início do Sermão do Monte descrevendo em cores nítidas o tipo de pessoa que é feliz e quando nos identificamos com Jesus, podemos experimentar as virtudes desta felicidade genuína, vivendo o Reino de Deus, revelando a presença do Rei entre nós e em nós.
O que aprendemos com este ensino precioso de Jesus?
Que podemos ser felizes, independente ou apesar das circunstâncias e contingências da vida, tendo ou não tendo, casado ou solteiro, com filhos ou sem filhos, em paz ou atravessando desertos, com a vida em ordem ou passando dificuldades, pois a essência da felicidade está na certeza de que Jesus é o Senhor das nossas vidas, que Ele se importa conosco, cada um de nós individualmente, que Ele quer ter um relacionamento intenso, íntimo e pessoal conosco, que Ele está no controle das nossas vidas e que nos ama incondicionalmente, apesar de nós.
E o que Jesus espera de nós?
Que sejamos SAL e LUZ para este mundo, que possamos fazer diferença neste mundo, que possamos mudar este mundo para melhor, sendo como Ele é, que possamos dar continuidade ao seu ministério na direção do nosso próximo.
Este mundo sistema tem ao longo da história, produzido muitas vítimas, pessoas que nos perguntam “quem se importa comigo?”.
Pessoas que gritam e dizem eu estou com fome, não tenho onde morar, fui abandonado pela minha família, estou numa maca de hospital, estou doente, com dor, sou um morador de rua, não vejo, não ando, estou oprimido, angustiado, deprimido e perguntam “quem se importa comigo?”.
Ser sal e luz é compreender que somos a resposta a esta pergunta difícil, é entender que precisamos atender aos clamores destas vítimas, amar pessoas que ninguém ama, cuidar de pessoas que ninguém cuida, pois quando vamos ao encontro destas vítimas, Jesus é percebido em nós, revelado a partir de nós e assim o Pai é glorificado.
Ser sal e luz é acolher o nosso próximo, pessoas que nem conhecemos direito, mas que podemos entrar na sua história e fazer diferença na sua vida, agregar dignidade a vida destes excluídos, destes que sofrem, destes marginalizados, fazendo com que Jesus seja percebido, seja notado através de nós para que o Pai seja glorificado.
Podemos TER felicidade apesar das circunstâncias, mas também podemos SER felicidade vivendo as bem-aventuranças em favor de nós mesmos e do nosso próximo, para o nosso próprio bem e para o bem do outro.
Quando vivemos este lindo e precioso ensino e internalizamos esta maravilhosa e extraordinária mensagem do Jesus Cristo de Nazaré, podemos sonhar com este estilo de vida que nos permite entender e viver a felicidade genuína apesar e acima das circunstâncias.
Podemos ter um temperamento feliz em humildade de espírito, com sensibilidade para com o nosso irmão que sofre, sendo manso e paciente para aguardar tudo no tempo certo, no tempo de Deus e conforme a sua vontade.
Podemos ter sentimentos felizes, vivendo em justiça não se conformando com o que está errado, sendo misericordioso e colocando na situação do próximo com compaixão pela miséria e a dor do nosso irmão que sofre, clareando a vida a partir de um coração puro que não se deixa contaminar e nem se corromper.
Podemos ter relacionamentos felizes com um pacificador diante dos conflitos da vida, atenuando as atitudes inflamadas pela discórdia, suportando as perseguições em amor, suportando as injúrias confiando que isso nos assemelha a Jesus.
Podemos ser genuinamente felizes exercendo na prática o ministério de JESUS, que acolhe o aflito de alma, as crianças necessitadas, os idosos carentes de cuidados e de companhia, os que clamam por socorro, podemos ser genuinamente felizes vivendo ativamente o que nos ensina Jesus, pois este ensino é para o discípulo, para aqueles que decidiram segui-Lo, imitando-o, refletindo o seu caráter para este mundo complicado, pondo a mão na massa em favor do outro, pois a graça nada mais é do que o amor em ação, a benignidade nada mais é que a bondade em ação em favor do nosso próximo, pois o ministério do Jesus de Nazaré é palavra, mas de forma significativa é também ação em favor das pessoas que são e sempre serão mais importantes que as coisas.
Podemos ser genuinamente felizes acima e apesar das circunstâncias e contingências da vida a partir da vida de Jesus em nós.
Deus é bom o tempo todo.



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