CPI DO CACHOEIRA: O RETRATO DA POLÍTICA BRASILEIRA
No momento em que
celebramos o final do julgamento do Mensalão, como um marco histórico da
política e especialmente da justiça no Brasil, nos deparamos com mais uma
grande pizza que foi a CPI do cachoeira.
Na verdade muito pior que
a pizza, foi o resultado final desta CPI que confirma e ratifica a total desmoralização
da política brasileira e que dá mais uma triste demonstração do seu vergonhoso caráter
corporativista e fisiológico.
Deputados e senadores que
por muitas vezes criticaram e se queixaram sem razão do STF pela celeridade no
julgamento do mensalão, não tem nenhum respaldo moral para fazê-lo, exatamente porque
são omissos em realizarem o seu trabalho e não o fazem por conta do interesse
consciente de proteger criminosos.
O STF pelo contrário, com
técnica, disposição e muito trabalho, deu uma aula de como fazer e por isso
mesmo acaba por melhorar muito a imagem da justiça junto à opinião pública e
resgata em grande proporção a credibilidade das instituições judiciárias do
País.
O mais grave é que esta
CPI já começou com um vasto material de provas, fatos e dados produzidos pela
Polícia Federal e pelo Ministério Público e assim poderia ter avançado muito
mais e com maior brevidade, principalmente acerca das investigações em torno da
Construtora Delta, que edificou um enorme “propinoduto” com tentáculos em todas
as esferas de poder no Brasil e infelizmente envolvendo uma quantidade enorme
de maus políticos corruptos e criminosos.
O fim melancólico da CPI
do Cachoeira, revela a face nefasta da política brasileira, onde vemos o nosso
parlamento protegendo veladamente criminosos e o pior, de uma forma consciente,
planejada e orquestrada.
Neste episódio o povo
brasileiro pode ver ao vivo e a cores uma coletânea de erros, incoerências,
hipocrisias, jogadas politiqueiras e outros pecados da política nacional. O PT
propôs a CPI como estratégia de se contrapor ao julgamento do Mensalão e deu um
tiro no pé, pois acabou unindo e motivando os ministros do STF a avançarem no
evento jurídico mais importante dos últimos tempos no Brasil e que promoveu uma
avalanche de problemas para o próprio PT, que viu este bumerangue dar uma
grande volta e cair sobre a sua cabeça.
O lamentável neste episódio
triste da política brasileira foi vermos situação e oposição juntas na
tentativa de protegerem seus caciques, depois do naufrágio das estratégias e
também após o aparecimento dos fatos que evidenciaram a participação de
políticos pertencentes aos dois blocos. Ênfase para nomes como Agnelo Queiróz
(PT) e Marconi Perillo (PSDB), envolvidos até a medula neste escândalo, blindados pelos seus partidos e razão para os conchavos entre os blocos
situacionista e oposicionista, o que é um fato absolutamente lamentável.
Apesar do extraordinário
avanço que tivemos a partir do julgamento do mensalão, com todas as honras aos
ministros do STF, terminamos o ano com mais este vexame da nossa política
produzida por um parlamento viciado, carcomido de corrupção por todos os lados
e composto em grande parte por Deputados e Senadores que ao invés de
representantes do povo brasileiro, são na essência competentes lobistas, que
transformam a política verde e amarela numa máquina de fazer dinheiro, diga-se
de passagem, sujo.
Lamentável.
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