quarta-feira, 19 de dezembro de 2012


CPI DO CACHOEIRA: O RETRATO DA POLÍTICA BRASILEIRA

No momento em que celebramos o final do julgamento do Mensalão, como um marco histórico da política e especialmente da justiça no Brasil, nos deparamos com mais uma grande pizza que foi a CPI do cachoeira.

Na verdade muito pior que a pizza, foi o resultado final desta CPI que confirma e ratifica a total desmoralização da política brasileira e que dá mais uma triste demonstração do seu vergonhoso caráter corporativista e fisiológico.

Deputados e senadores que por muitas vezes criticaram e se queixaram sem razão do STF pela celeridade no julgamento do mensalão, não tem nenhum respaldo moral para fazê-lo, exatamente porque são omissos em realizarem o seu trabalho e não o fazem por conta do interesse consciente de proteger criminosos.

O STF pelo contrário, com técnica, disposição e muito trabalho, deu uma aula de como fazer e por isso mesmo acaba por melhorar muito a imagem da justiça junto à opinião pública e resgata em grande proporção a credibilidade das instituições judiciárias do País.

O mais grave é que esta CPI já começou com um vasto material de provas, fatos e dados produzidos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público e assim poderia ter avançado muito mais e com maior brevidade, principalmente acerca das investigações em torno da Construtora Delta, que edificou um enorme “propinoduto” com tentáculos em todas as esferas de poder no Brasil e infelizmente envolvendo uma quantidade enorme de maus políticos corruptos e criminosos.

O fim melancólico da CPI do Cachoeira, revela a face nefasta da política brasileira, onde vemos o nosso parlamento protegendo veladamente criminosos e o pior, de uma forma consciente, planejada e orquestrada.

Neste episódio o povo brasileiro pode ver ao vivo e a cores uma coletânea de erros, incoerências, hipocrisias, jogadas politiqueiras e outros pecados da política nacional. O PT propôs a CPI como estratégia de se contrapor ao julgamento do Mensalão e deu um tiro no pé, pois acabou unindo e motivando os ministros do STF a avançarem no evento jurídico mais importante dos últimos tempos no Brasil e que promoveu uma avalanche de problemas para o próprio PT, que viu este bumerangue dar uma grande volta e cair sobre a sua cabeça.

O lamentável neste episódio triste da política brasileira foi vermos situação e oposição juntas na tentativa de protegerem seus caciques, depois do naufrágio das estratégias e também após o aparecimento dos fatos que evidenciaram a participação de políticos pertencentes aos dois blocos. Ênfase para nomes como Agnelo Queiróz (PT) e Marconi Perillo (PSDB), envolvidos até a medula neste escândalo, blindados pelos seus partidos e razão para os conchavos entre os blocos situacionista e oposicionista, o que é um fato absolutamente lamentável.

Apesar do extraordinário avanço que tivemos a partir do julgamento do mensalão, com todas as honras aos ministros do STF, terminamos o ano com mais este vexame da nossa política produzida por um parlamento viciado, carcomido de corrupção por todos os lados e composto em grande parte por Deputados e Senadores que ao invés de representantes do povo brasileiro, são na essência competentes lobistas, que transformam a política verde e amarela numa máquina de fazer dinheiro, diga-se de passagem, sujo.

Lamentável.

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